A úlcera péptica é uma ferida na parede do
estômago ou duodeno. O duodeno é a primeira parte do seu intestino delgado. Se
as úlceras pépticas são encontradas no estômago, elas são chamadas de úlceras gástricas.
Se são encontradas no duodeno, são chamas de úlceras de duodeno (ou duodenais).
Você pode ter mais que uma úlcera. Muitas pessoas têm úlcera péptica. Elas
podem ser tratadas com sucesso. Procurar o seu médico é o primeiro passo. Nos
Estados Unidos cerca de 20 milhões de pessoas apresentarão uma úlcera durante
sua vida. Uma úlcera é uma área focal do estômago ou duodeno que foi danificada
pelo ácido gástrico e sucos digestivos, levando a uma perda do revestimento
mucoso local, com uma certa profundidade (isto as diferencia das erosões, que
são mais rasas). A maioria das úlceras não são maiores que uma borracha de
apagar, mas elas podem causar dor e desconforto importantes
O que causa as úlceras
pépticas?
As úlceras pépticas são causadas por:
Uma bactéria chamada Helicobacter pylori , ou
abreviado H. pylori
Drogas anti-infalamatórias não esteróides
(AINEs) como a aspirina e ibuprofeno
Outras doenças
O seu corpo fabrica ácidos fortes que digerem os
alimentos. Uma barreira interna protege o seu estômago e duodeno contra estes
ácidos. Se esta barreira é rompida, o ácido pode lesar as paredes. O H. pylori
e as AINEs enfraquecem esta barreira permitindo que o ácido atinja as paredes
do estômago e duodeno. O H. pylori é responsável por quase dois terços de todas
as úlceras. Muitas pessoas têm a infecção pelo H. pylori. Mas nem todas que têm
a infecção irão desenvolver a úlcera péptica. A maiora das outras úlceras são
causadas pelas AINEs. Só raramente outras doenças causam úlceras. Helicobacter pylori e úlcera A
maioria das úlceras aparece devido à presença do H. pylori. Calcula-se que esta
bactéria esteja presente em até 80% dos brasileiros, dependendo da região.
Provavelmente é adquirida na infância, em decorrência das más condições de
saneamento básico em nosso país. Como se pode perceber, apenas uma fração dos
portadores da bactéria acabarão apresentando úlcera decorrente de sua presença
e ação no estômago. Assim, acredita-se que a doença ocorra em indivíduos que
apresentam fatores adicionais à presença da bactéria (predisposição genética,
por exemplo). Além disto, há bactérias mais e menos agressivas dentro desta
espécie - e o tipo da bactéria infectante também acaba tendo um papel
importante. O H. pylori enfraquece a cobertura protetora de muco do estômago
e duodeno, permitindo a passagem do ácido através dele até a parede sensível
localizada abaixo. O ácido e a bactéria irritam a parede e causam uma ferida ou
úlcera. O H. pylori é capaz de sobreviver no ácido do estômago porque ele secreta
enzimas para neutraliza-lo. Este mecanismo permite o H. pylori fazer o seu
caminho para a zona "segura" - a camada protetora de muco. Uma vez
nela, a forma espiral da bactéria ajuda-o a "entocar-se" em seu
interior. Uso de anti-inflamatórios
não-hormonais (AINHs) A segunda maior causa das úlceras é a irritação
do estômago decorrente do uso regular de AINHs. Os efeitos colaterais
gastrointestinais induzidos pelos AINHs podem ser evitados ao usar medicamentos
alternativos sempre que possível. Se você usa este tipo de remédio com
freqüência (muitas vezes por conta própria), seu médico poderá esclarecer suas
dúvidas sobre seu potencial para causar problemas gastrointestinais - entre os
quais está a úlcera. Ele poderá recomendar uma troca no medicamento em uso
(quando possível) ou a adição de algum outro remédio para uso em conjunto com o
anti-inflamatório, objetivando prevenir a ulceração.
O estresse e alimentos
condimentados causam úlcera?
Não, nem o estresse nem os alimentos
condimentados causam úlcera. Mas eles podem tornar a úlcera pior (mais
sintomas). As bebidas alcoólicas e o fumo também podem tornar as úlceras
piores.
O que aumenta o meu risco de ter úlcera
péptica?
Você
terá maior probabilidade de ter úlcera péptica se: tiver uma infecção pelo H.
pylori, usar AINEs frequentemente, fumar cigarros, tomar bebida alcoólica, ter
parentes com úlcera peptic, ter 50 anos de idade ou mais.
Quais são as complicações das
úlceras pépticas?
Sangramento: O sangramento de uma úlcera pode ocorrer no estômago
ou duodeno e às vezes é o único sinal da doença. Pode ser lento, causando
anemia e fadiga. Outras vezes é mais rápido podendo ser grave (muitas vezes
requerendo internação hospitalar), sendo reconhecido ao se notal fezes
enegrecidas, fétidas, com aspecto lembrando piche, vômitos com conteúdo
semelhante à borra de café ou mesmo a presença de sangue "vivo" nas
fezes ou no vômito.
Perfuração: Quando as úlceras não são tratadas, o ácido gástrico
e os sucos digestivos podem literalmente abrir um buraco na parede do estômago.
É uma complicação que ocorre em uma pequena parcela dos doentes, mas que pode
tornar-se grave. Bactérias, alimentos e os sucos gástricos podem extravasar
para a cavidade abdominal causando dor intensa de início súbito. Neste caso, a
hospitalização torna-se necessária e o tratamento é geralmente cirúrgico.
Obstrução: A inflamação decorrente da úlcera pode causar edema
("inchaço") no local, e a sua cicatrização pode levar à fibrose.
Estes problemas podem levar ao estreitamento da saída do estômago, impedindo a
passagem de alimentos e causando vômitos e perda de peso.
Quais são os sintomas das úlceras pépticas?
Uma dor em
queimação na "boca do estômago" é o sintoma mais comum. Vem e vai por
uns poucos dias ou semanas. Começa 2 a 3 horas após uma refeição. Vem no meio
da noite quando seu estômago está vazio geralmente melhora após comer. Outros sintomas são: perda de peso,
dor ao comer, vômitos. É importante ressaltar que a maioria dos sintomas acima
não são exclusivos de doença ulcerosa - podendo ocorrer em outras condições e
até mesmo na ausência de qualquer problema no estômago e duodeno.
Como é feito o diagnóstico
das úlceras pépticas?
Além dos dados de história
clínica e exame físico, o exame mais comumente usado para o diagnóstico da
doença ulcerosa é a endoscopia digestiva alta. Este exame envolve a passagem
de um tubo flexível de pequeno diâmetro através da boca em direção ao esôfago,
estômago e duodeno. O tubo possui uma microcâmara com fonte de luz na ponta, o
que permite a visão direta em um monitor (TV) de eventuais problemas nestes
órgãos. Além disto, permite a tomada de biópsias (retirada de pequenos
fragmentos para análise, o que é feito sem dor ou desconforto algum) para o
diagnóstico preciso. Em algumas situações será terapêutica, para fazer cessar o
sangramento em uma úlcera por exemplo. Permite também a retirada de material
para testar a presença do H. pylori. O exame é geralmente feito sob sedação
para maior conforto. Por todas estas razões, a endoscopia é indiscutivelmente o
melhor método na avaliação da doença e deixou em segundo plano, para alguns
raros casos, o emprego de métodos como a radiologia para diagnóstico de doença
ulcerosa.
Por que os médicos não pesquisam
automaticamente o H. pylori?
Alterações de crenças e de
práticas médicas levam tempo. Por aproximadamente 100 anos os cientistas e
doutores acreditaram que a úlcera era causada pelo estresse, comidas picantes e
álcool. O tratamento baseava-se em repouso na cama e dieta leve. Mais tarde os
pesquisadores adicionaram o ácido à lista de causas e começaram a tratar as
úlceras com antiácidos. Desde que o H. pylori foi descoberto em 1982, estudos
conduzidos ao redor do mundo mostraram que utilizando antibióticos para
destruir o H. pylori cura a úlcera. Levou 11 anos para que a comunidade médica
aceitasse esta realidade. A prevalência das úlceras causadas pelo H. pylori
está mudando. A infecção está se tornando menos comum em pessoas nascidas em
países desenvolvidos. A comunidade médica, entretanto, continua a debater o
papel do H. pylori nas úlceras pépticas. Se você tem úlcera péptica e não fez
teste para infecção pelo H. pylori, fale com seu médico.
Como é diagnosticada uma
úlcera relacionada ao H. pylori?
Se é encontrada uma úlcera, o
médico fará um exame para H. pylori. Este exame é importante porque o
tratamento de uma úlcera causada pelo H. pylori é diferente de uma úlcera
causada por AINEs. O teste rápido da urease, que detecta a enzima urease que é
produzida pelo H. pylori. è o mais utilizado em nosso meio. É rápido, barato e
sensível. As amostras são colhidas durante um exame endoscópico. O teste
histológico permite encontrar e examinar a bactéria atual do paciente. É
realizado para o diagnóstico e confirmar o resultado do teste da urease, quando
necessário.
Como é o tratamento das
úlceras pépticas?
As úlceras pépticas poderão
piorar se não forem tratadas. Podem ser curadas. Os medicamentos para úlcera
péptica são: Inibidores da bomba de prótons ou bloqueadores dos receptores da
histamina, para interromper a produção de ácido pelo seu estômago. Antibióticos
para matar a bactéria. Dependendo dos seus sintomas, você pode
tomar um ou mais destes medicamentos por poucas semanas. Eles interromperão a
dor e ajudarão a cicatrizar seu estômago ou duodeno. As úlceras levam algum
tempo para cicatrizar. Tome seus medicamentos mesmo que a dor passar. Se estes
medicamentos o fazem sentir-se doente ou tonto, causar diarréia ou dores de
cabeça, seu médico poderá mudar os seus medicamentos. Se as AINEs foram a
causa da sua úlcera péptica, você deverá parar de toma-las. Se você fuma,
largue. O fumo torna mais lenta a cicatrização da úlcera.
O que acontece se a úlcera
péptica não cicatriza? Eu precisarei de cirurgia?
Na maioria dos casos os
medicamentos cicatrizam as úlceras. Você pode precisar de cirurgia se a sua
úlcera: não cicatriza, recidiva várias vezes, perfura, sangra ou obstrui o
estômago ou duodeno A cirurgia
pode: retirar a úlcera, reduzir a quantidade de ácido que o seu estômago
fabrica, fechar a perfuração, interromper a hemorragia.
As úlceras pépticas podem
voltar?
Sim. Se você parar de tomar
os antibióticos muito cedo, nem todas as bactérias sairão e nem todas as
feridas serão cicatrizadas. A bactéria também pode ser resistente ao tratamento
utilizado e não ser eliminada. Se você ainda fuma ou toma AINEs, suas úlceras
podem voltar.
As informações disponibilizadas neste site são apenas de caráter informativo e não substituem de forma alguma a avaliação do seu médico